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A inflamação no intestino é mais comum do que muita gente imagina, diz especialista

A doença atinge 1\3 da população com mais de 60 anos e aumenta progressivamente com a idade.

 

 

 

A diverticulite é uma inflamação que se manifesta basicamente no intestino grosso. O médico coloproctologista João Gomes Netinho, professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto (FAMERP), explica que são o resultado da fraqueza de alguns locais da parede do intestino grosso, principalmente na musculatura desta parede. Sabe-se que um terço das pessoas com mais de 60 anos apresentam divertículos intestinais. Em contrapartida, é menos frequente em pessoas com idade inferior a 40 anos (2 a 5%)., parte final do intestino que se distribui pelo abdome formando uma espécie de U invertido. 

 

De acordo com Netinho, especialista em doenças do aparelho digestivo, a causa da diverticulite aguda ainda não foi comprovada. Possíveis fatores etiológicos incluem infiltração gordurosa e degeneração da parede do cólon com a idade, fraqueza (onde os vasos sanguíneos penetram na camada muscular da parede do colon sigmoide). Uma dieta com poucas fibras é largamente responsável pela frequência da doença diverticular. “A diverticulite aguda é uma complicação comum na evolução e história natural da doença diverticular, e ocorre em 10 a 25% dos pacientes com divertículos intestinais”, diz.

 

Netinho explica que a evolução da diverticulite aguda pode ser para a resolução pelo tratamento clínico, ou então se complica pela formação de abscessos (coleção de pus) ao lado da parede do intestino. Estes abscessos podem perfurar e se comunicar com outros órgãos ou vazar dentro do abdome. De acordo com esta evolução, a diverticulite aguda se apresenta em quatro graus: inflamação e infecção limitada à parede do intestino grosso; presença de pus (abscesso) próximo; perfuração da cavidade abdominal com vazamento de pus; e o vazamento de fezes para a cavidade abdominal devido à perfuração.

 

Segundo o médico, a dor é a principal característica de sintoma do problema, estando esta localizada na parte inferior e preferencialmente no lado esquerdo do abdome. O sintoma doloroso é semelhante ao da apendicite aguda, só que no lado esquerdo. “A dor tem um início lento, mas progressivo, tornando-se constante com a evolução do processo inflamatório, e se apresenta como cólica intestinal”, diz.

 

Observam-se náuseas, mas os vômitos não são frequentes e, quando presentes, podem sugerir intenso processo inflamatório intestinal. Febre é outro sintoma normalmente referido e, quando elevada, sugere a possibilidade de diverticulite com pus. Alterações do hábito intestinal, como diarréia e, principalmente, constipação também são muito comuns.

 

O diagnóstico é clínico e pode ser comprovado com exame de sangue, ultra-sonografia e a tomografia computadorizada do abdome. Um outro exame importante no diagnóstico da diverticulite é o enema opaco. Neste exame injeta-se contraste no interior do intestino, e desta forma, o exame mostra a presença dos divertículos, do processo inflamatório na parede do intestino grosso, além, da diminuição do calibre do intestino. Só que não deve ser feito na fase aguda da doença devido a possibilidade de perfuração divetivular.

 

O tratamento depende da intensidade dos sintomas e da presença ou não de complicações. O tratamento clínico permite o alívio dos sintomas em 70 a 85% dos pacientes com diverticulite aguda, principalmente na primeira crise.

 

Nos casos em que houve falha no tratamento clínico, ocorrencia de duas ou mais crises, ou ainda, na existência de complicações, como o abscesso ou a perfuração intestinal, a cirurgia é o indicado. A operação consiste na retirada da parte do intestino grosso comprometida, com reconstrução do intestino.